Os primórdios da farmácia
Os primórdios da farmácia remontam ao período pré-histórico. Pesquisas provam que desde então homens já colhiam plantas com propósitos medicinais. As curas eram adquiridas através dos conhecimentos práticos do dia a dia, e as doenças tinham explicações místicas. Com o tempo, surgiu a separação entre cura empírica e cura espiritual.
O mais antigo documento farmacêutico conhecido é o código sumeriano de “Ur-Nammu” (2100 a.C.). Ele contém 15 receitas medicinais e foi descoberto em Nippur, atual Iraque. Outra grande descoberta foi o Papiro Ebers, o mais importante da história da farmácia, escrito por volta de 1500 a.C., uma espécie de manual destinado aos estudantes revelando segredos de medicação.
Durante vários séculos da idade antiga, pesquisas farmacêuticas começavam em diversas partes da Europa e da Ásia. Entre os séculos II e III d.C., no Império Romano, Galeno de Pérgamo iniciou estudos médicos que o consagraram como um dos pais da farmácia. Sua filosofia médica ainda persiste e constitui a base filosófica da medicina atual. A primeira escola de farmácia de que se tem notícia foi criada pelos árabes, também no século II d.C.
Surgimento das boticas
A origem mais conhecida das atividades relacionadas à farmácia moderna se deu a partir do século X, na Espanha e na França, com o surgimento das primeiras boticas ou apotecas, que mais tarde se tornariam as farmácias.
Em seus primórdios, a medicina e a farmácia eram uma só profissão, a do boticário: o profissional que tinha a responsabilidade de conhecer e curar as doenças. Essa separação só ocorreu no ano de 1240, por determinação do imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Frederico II. A separação ainda foi reforçada em 1461, por um decreto do rei D. Afonso IV em Portugal, que vedou aos médicos e cirurgiões a preparação de medicamentos para a venda e proibiu qualquer outra pessoa de vender medicamentos compostos ao público em localidades onde houvesse boticário.
Com o grande surto de propagação da lepra na Europa durante o século XVII, o monarca Luís XIV, entre outras iniciativas, determinou o aumento do número de farmácias hospitalares na França, alavancando o estudo sobre farmácia.
A farmácia mais antiga ainda em funcionamento
Em 1612, foi fundada a mais antiga farmácia ainda em funcionamento de que se tem notícia. Santa Maria Novella, localizada em Florença, na Itália, já era local onde padres dominicanos se dedicavam a curar doentes utilizando aromas desde 1221. Uma das grandes contribuições dessa farmácia foi a manipulação do primeiro perfume suave do mundo. Segundo contam as histórias, em 1500, quando Catarina de Médici estava para se casar com Henrique II, rei da França, os frades dominicanos de Santa Maria Novella criaram um perfume para a noite de núpcias, que mais tarde foi levado para a cidade alemã de Colônia, recebendo o nome de água de colônia.
Formação farmacêutica
Desde a fundação pelos árabes da primeira escola de farmácia de que se tem notícia, muito mudou na pesquisa e no modo como o conhecimento é repassado.
No século XVI, o estudo dos remédios ganhou impulso notável, com a pesquisa sistemática dos princípios ativos das plantas e dos minerais capazes de curar doenças, motivada pela grande proliferação de doenças na Europa.
Em 1777, Luiz XV da França determinou a substituição do nome de apoticário pelo de farmacêutico no país, criando a necessidade de obtenção do diploma para exercer a profissão. Com o tempo, o estudo universitário para a formação do farmacêutico foi estendido para toda a Europa.
Com o tempo, foi implantada no mundo a indústria farmacêutica e, com ela, novos medicamentos foram criados e estudos realizados, em velocidade espantosa.
Os maiores conhecimentos em fisiologia e toxicologia deram início à moderna farmacologia, tendo sido publicado em 1813 o primeiro tratado de toxicologia. Também na primeira metade do século XIX, foram criados os primeiros laboratórios farmacêuticos. Iniciou-se então um grande processo de mudança na profissão.
A chegada da farmácia ao Brasil
O boticário no Brasil surgiu durante o período colonial, com a chegada de Diogo de Castro, trazido de Portugal pelo governador-geral Tomé de Souza. Inicialmente, todo medicamento procedia da metrópole já preparado e eram armazenados por padres jesuítas, alguns dos primeiros farmacêuticos do país.
Em 1640, as boticas foram legalizadas como ramo oficial. Os boticários eram aprovados em Coimbra pelo físico-mor, ou seu delegado, na então capital Salvador. Em 1744, o exercício da profissão passou a ser fiscalizado severamente, devido à reforma feita por Dom Manuel de Portugal.
A passagem do nome de comércio de botica para farmácia surgiu com o Decreto 2.055, de dezembro de 1857, quando ficaram estabelecidas as condições para que os farmacêuticos e os não habilitados na profissão tivessem licença para continuar a ter suas boticas no país.
O ensino da farmácia no Brasil iniciou-se em 1824, consolidado um ano depois com a criação da Faculdade de Farmácia da Universidade do Rio de Janeiro. Em 1897, começou a funcionar em Porto Alegre a Escola Livre de Farmácia e Química Industrial. Em 1898, foi inaugurada a primeira faculdade de Farmácia no estado de São Paulo.
Em 20 de janeiro de 1916, ocorreu a fundação da Associação Brasileira de Farmacêuticos (ABF), dando origem à comemoração do Dia do Farmacêutico, em 1942, que só foi, no entanto, oficializada em 2007, com a publicação da Resolução nº 460 de 23/03/2007 do Conselho Federal de Farmácia.
O ressurgimento da farmácia de manipulação
Durante o governo de Getúlio Vargas, as primeiras indústrias farmacêuticas estrangeiras começaram a se instalar no Brasil, causando a queda das farmácias de manipulação artesanais. O ressurgimento da farmácia de manipulação aconteceu nos anos 70, principalmente no Rio Grande do Sul, devido à necessidade de serem criados medicamentos individualizados, na dose certa e na forma farmacêutica mais apropriada.
Com o ressurgimento da farmácia de manipulação como atividade restrita do profissional farmacêutico, aconteceu de forma natural o restabelecimento real desse profissional e consequentemente sua formação completa, que vai desde o preparo do medicamento até a sua dispensação, quando se orienta corretamente o paciente quanto ao uso e aos cuidados. Médicos também podem ser esclarecidos quanto às dosagens, farmacologia e interações dos medicamentos.
Muito mudou desde os tempos antigos da farmácia, mas não a dedicação e a importância do profissional. Um profissional com o conhecimento e a dedicação necessários para orientar a sociedade na promoção e na manutenção da saúde.
Fontes: Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, Centro Universitário de Votuporanga, Sociedade Brasileira de Farmácia Comunitária.
Os primórdios da farmácia remontam ao período pré-histórico. Pesquisas provam que desde então homens já colhiam plantas com propósitos medicinais. As curas eram adquiridas através dos conhecimentos práticos do dia a dia, e as doenças tinham explicações místicas. Com o tempo, surgiu a separação entre cura empírica e cura espiritual.
O mais antigo documento farmacêutico conhecido é o código sumeriano de “Ur-Nammu” (2100 a.C.). Ele contém 15 receitas medicinais e foi descoberto em Nippur, atual Iraque. Outra grande descoberta foi o Papiro Ebers, o mais importante da história da farmácia, escrito por volta de 1500 a.C., uma espécie de manual destinado aos estudantes revelando segredos de medicação.
Durante vários séculos da idade antiga, pesquisas farmacêuticas começavam em diversas partes da Europa e da Ásia. Entre os séculos II e III d.C., no Império Romano, Galeno de Pérgamo iniciou estudos médicos que o consagraram como um dos pais da farmácia. Sua filosofia médica ainda persiste e constitui a base filosófica da medicina atual. A primeira escola de farmácia de que se tem notícia foi criada pelos árabes, também no século II d.C.
Surgimento das boticas
A origem mais conhecida das atividades relacionadas à farmácia moderna se deu a partir do século X, na Espanha e na França, com o surgimento das primeiras boticas ou apotecas, que mais tarde se tornariam as farmácias.
Em seus primórdios, a medicina e a farmácia eram uma só profissão, a do boticário: o profissional que tinha a responsabilidade de conhecer e curar as doenças. Essa separação só ocorreu no ano de 1240, por determinação do imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Frederico II. A separação ainda foi reforçada em 1461, por um decreto do rei D. Afonso IV em Portugal, que vedou aos médicos e cirurgiões a preparação de medicamentos para a venda e proibiu qualquer outra pessoa de vender medicamentos compostos ao público em localidades onde houvesse boticário.
Com o grande surto de propagação da lepra na Europa durante o século XVII, o monarca Luís XIV, entre outras iniciativas, determinou o aumento do número de farmácias hospitalares na França, alavancando o estudo sobre farmácia.
A farmácia mais antiga ainda em funcionamento
Em 1612, foi fundada a mais antiga farmácia ainda em funcionamento de que se tem notícia. Santa Maria Novella, localizada em Florença, na Itália, já era local onde padres dominicanos se dedicavam a curar doentes utilizando aromas desde 1221. Uma das grandes contribuições dessa farmácia foi a manipulação do primeiro perfume suave do mundo. Segundo contam as histórias, em 1500, quando Catarina de Médici estava para se casar com Henrique II, rei da França, os frades dominicanos de Santa Maria Novella criaram um perfume para a noite de núpcias, que mais tarde foi levado para a cidade alemã de Colônia, recebendo o nome de água de colônia.
Formação farmacêutica
Desde a fundação pelos árabes da primeira escola de farmácia de que se tem notícia, muito mudou na pesquisa e no modo como o conhecimento é repassado.
No século XVI, o estudo dos remédios ganhou impulso notável, com a pesquisa sistemática dos princípios ativos das plantas e dos minerais capazes de curar doenças, motivada pela grande proliferação de doenças na Europa.
Em 1777, Luiz XV da França determinou a substituição do nome de apoticário pelo de farmacêutico no país, criando a necessidade de obtenção do diploma para exercer a profissão. Com o tempo, o estudo universitário para a formação do farmacêutico foi estendido para toda a Europa.
Com o tempo, foi implantada no mundo a indústria farmacêutica e, com ela, novos medicamentos foram criados e estudos realizados, em velocidade espantosa.
Os maiores conhecimentos em fisiologia e toxicologia deram início à moderna farmacologia, tendo sido publicado em 1813 o primeiro tratado de toxicologia. Também na primeira metade do século XIX, foram criados os primeiros laboratórios farmacêuticos. Iniciou-se então um grande processo de mudança na profissão.
A chegada da farmácia ao Brasil
O boticário no Brasil surgiu durante o período colonial, com a chegada de Diogo de Castro, trazido de Portugal pelo governador-geral Tomé de Souza. Inicialmente, todo medicamento procedia da metrópole já preparado e eram armazenados por padres jesuítas, alguns dos primeiros farmacêuticos do país.
Em 1640, as boticas foram legalizadas como ramo oficial. Os boticários eram aprovados em Coimbra pelo físico-mor, ou seu delegado, na então capital Salvador. Em 1744, o exercício da profissão passou a ser fiscalizado severamente, devido à reforma feita por Dom Manuel de Portugal.
A passagem do nome de comércio de botica para farmácia surgiu com o Decreto 2.055, de dezembro de 1857, quando ficaram estabelecidas as condições para que os farmacêuticos e os não habilitados na profissão tivessem licença para continuar a ter suas boticas no país.
O ensino da farmácia no Brasil iniciou-se em 1824, consolidado um ano depois com a criação da Faculdade de Farmácia da Universidade do Rio de Janeiro. Em 1897, começou a funcionar em Porto Alegre a Escola Livre de Farmácia e Química Industrial. Em 1898, foi inaugurada a primeira faculdade de Farmácia no estado de São Paulo.
Em 20 de janeiro de 1916, ocorreu a fundação da Associação Brasileira de Farmacêuticos (ABF), dando origem à comemoração do Dia do Farmacêutico, em 1942, que só foi, no entanto, oficializada em 2007, com a publicação da Resolução nº 460 de 23/03/2007 do Conselho Federal de Farmácia.
O ressurgimento da farmácia de manipulação
Durante o governo de Getúlio Vargas, as primeiras indústrias farmacêuticas estrangeiras começaram a se instalar no Brasil, causando a queda das farmácias de manipulação artesanais. O ressurgimento da farmácia de manipulação aconteceu nos anos 70, principalmente no Rio Grande do Sul, devido à necessidade de serem criados medicamentos individualizados, na dose certa e na forma farmacêutica mais apropriada.
Com o ressurgimento da farmácia de manipulação como atividade restrita do profissional farmacêutico, aconteceu de forma natural o restabelecimento real desse profissional e consequentemente sua formação completa, que vai desde o preparo do medicamento até a sua dispensação, quando se orienta corretamente o paciente quanto ao uso e aos cuidados. Médicos também podem ser esclarecidos quanto às dosagens, farmacologia e interações dos medicamentos.
Muito mudou desde os tempos antigos da farmácia, mas não a dedicação e a importância do profissional. Um profissional com o conhecimento e a dedicação necessários para orientar a sociedade na promoção e na manutenção da saúde.
Fontes: Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, Centro Universitário de Votuporanga, Sociedade Brasileira de Farmácia Comunitária.
Nenhum comentário:
Postar um comentário