sexta-feira

Semana Racine - Histórico

Semana Racine – Congresso de Farmácia: tradição em favor do conhecimento

A primeira edição deste congresso ocorreu em julho de 1991 e o objetivo de sua criação foi contribuir com a atualização, a qualificação e o desenvolvimento dos farmacêuticos que atuavam nos setores de farmácia comunitária, análises clínicas, hospitalar e industrial farmacêutico e cosmético. Este desenho modelou apenas essa edição da Semana Racine, que já adotou, em 1992, um foco dirigido ao farmacêutico da farmácia comunitária, por compreender que a amplitude da atuação deste profissional exigia que cada um desses espaços de trabalho fosse abordado em momentos distintos.

Vivíamos um momento pós Constituinte, o Sistema Único de Saúde (SUS) era recém criado, o conhecimento se democratizava, a tecnologia digital e a biogenética descortinavam oportunidades ao setor farmacêutico. Estávamos no limiar de uma era que seria marcada pela ligação direta entre o diagnóstico e a terapêutica. Caminhavam de modo vertiginoso as pesquisas que viriam culminar com o seqüenciamento do genoma humano e indicavam que sutis diferenças eram suficientes para que os indivíduos reagissem de forma distinta em relação a um mesmo medicamento. Portanto, era claro que a atuação da medicina e da farmácia logo seria substituída por um modelo mais complexo, que exigiria desses profissionais sair do tradicional sistema binário para aprender a lidar com diversas probabilidades.

Neste mesmo momento em que as questões da biogenética emergiam tão imperiosas, com igual peso víamos as transformações da sociedade: o envelhecimento da população, os estilos de vida da escassez e da abundância, o conforto gerado pela tecnologia, a mobilidade social, a visível desigualdade social, a violência, a situação global ambiental e a facilidade de acesso à informação, que, sem dúvida, produziram novos indivíduos.

Assim, por entender os profundos avanços dos saberes, recursos, produtos e tecnologias somados às diferentes condições de vida e riqueza entre os povos e às modificações de ordem social, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe que sejam discutidos os processos de formação dos profissionais da saúde em nível mundial. Afinal, uma profissão existe para atender às necessidades da sociedade e isso significa que uma mudança social resultará em uma mudança de seu desenho e da expressão de seu serviço.

Partindo do mesmo raciocínio, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) inicia um debate sobre o papel da educação neste início de século. Mostrava-se evidente a necessidade de se articular o conhecimento, as habilidades e as atitudes, buscar a interdisciplinaridade e desenvolver o raciocínio crítico e a reflexão.

No contexto de saúde atual, a farmácia ainda é o local mais acessível à população para suas questões de saúde. Uma rede altamente capilarizada que, de forma gratuita e, muitas vezes, em período integral, tem suas portas abertas ao atendimento das pessoas, sendo, certamente, o único local onde esta população pode solicitar a atenção de um profissional da saúde sem burocracia ou custo.

O farmacêutico, porém, reconhecia, e ainda reconhece, a necessidade de sua farmácia adaptar-se a um mercado cada vez mais competitivo, às transformações da vida moderna, à complexificação das estruturas e das relações sociais e às necessidades de um País em transformação, em que a noção de cidadania se amplia dia-a-dia e a difusão de novas tecnologias invade o cotidiano das pessoas. Era, e ainda é, preciso desenvolver uma dinâmica de aprendizagem e inovação.

E foi neste cenário que, mesmo sem ter total conhecimento de todos esses movimentos, pudemos reconhecer ser vital aos profissionais farmacêuticos atuantes em farmácia, naqueles idos de 1991, ter um espaço em que pudessem conjugar o aprendizado à discussão política, à renovação das idéias e ao ampliar da visão de futuro, preparando-se para ele, acima de tudo.

Estava criada a tradição das Semanas Racine. 


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