segunda-feira

Turmeric (curcuma longa) - antioxidante, antimicrobiano, digestivo e quimiopreventivo

Antioxidante – Antimicrobiano – Estimula funções digestivas – Fator quimiopreventivo

A cúrcuma, também conhecida como turmeric, açafrão da índia, açafrão da terra, gengibre dourado e mangarataia, é a planta de nome científico Curcuma longa L. Não confundir com o “Açafrão Verdadeiro” utilizado nas “paellas” espanholas, que é dispendioso e corresponde aos estigmas dessecados da bela flor amarela ou vermelha da planta Crucus sativus, planta de clima mediterrâneo, não cultivada no Brasil.

A cúrcuma possui flavor característico, aroma picante e sabor amargo são classificados como especiaria na maioria das classificações encontradas (AOAC, 1995). Contém, em maior proporção, o amido e em menor quantidade proteína, lipídeos e fibra, além dos pigmentos curcuminóides e dos óleos essenciais. São três os pigmentos curcuminóides - curcumina, desmetoxicurcumina e bisdesmetoxicurcumina - presentes no rizoma nas concentrações de 60, 22 e 18%, respectivamente (GOVINDARAJAN, 1980).

Os principais componentes dos óleos essenciais são turmerona, dehidroturmerona e cetonas aromáticas (zingibereno, alfa-felandreno, sabineno, cineol e borneol) em menores proporções (VIASAN et al., 1989; MATA et al., 2004).

São três os produtos da cúrcuma disponíveis no mercado: a cúrcuma em pó, a oleoresina e a curcumina purificada. Estes têm sido utilizados como corante vegetal para colorir alimentos e bebidas, como condimento, como flavorizante e como medicamento (MARTINS & RUSIG, 1992, MESA et al., 2000).

Histórico
A Curcuma longa é originária da Índia e está distribuída pela China, Oriente Médio, Formosa, Indonésia, Java, Filipinas, Caribe, norte da Austrália e América do Sul. A cúrcuma e o açafrão são empregados na culinária, com objetivos semelhantes. A cúrcuma foi introduzida no país por volta de 1980, resultando em boa produtividade, devido às condições climáticas ideais para o seu cultivo. O emprego da cúrcuma em alimentos como sopas desidratadas, molhos, produtos cárneos e de panificação, sobremesas à base de ovos e queijo prato, dentre outros, advém das substâncias flavorizantes presentes e responsáveis por seu odor característico, além de seu poder corante. A cúrcuma (Curcuma longa L.), conhecida no mercado internacional como "turmeric", tem sua importância econômica devida às peculiares características de seus rizomas. Com a proibição do uso de pigmentos sintéticos nos principais países da América do Norte e Europa (MAIA,1991; RUSIG & MARTINS, 1992), tem-se buscado alternativas naturais, dentre as quais se vislumbra a possibilidade de participação da cúrcuma neste atraente e crescente mercado de aditivos naturais de alimentos. Além de sua substância corante - a curcumina, contém óleos essenciais de excelentes qualidades técnicas e organolépticas (DUARTE et al. 1989), com características antioxidante e antimicrobiana (PRUTHI, 1980), que juntos possibilitam estender sua utilização aos mercados de perfumaria, medicinal, têxtil, condimentar e alimentício. Neste último, crescente é a participação da cúrcuma, como por exemplo, amido para confecção de bolos, e, principalmente, como corante em macarrões, mostardas, sorvetes, queijos, ovos, salgadinhos tipo “chips”, margarinas e carnes. Nestes dois últimos alimentos, além de conferir cor, a cúrcuma poderá, num futuro próximo, ser utilizada com finalidade antioxidante. CORT (1974), avaliando atividade antioxidante de várias espécies, verificou que a cúrcuma foi a segunda colocada entre as mais potentes. RAMASWAMY & BANERJEE (1948) constataram que o pigmento fenólico curcumina, presente na cúrcuma, é o responsável pelas propriedades antioxidantes. Sua aplicação na área medicinal ocorre principalmente na medicina tradicional da Índia, China e Japão, como aromático, analgésico e Tsukeiyaku, droga contra distúrbios microcirculatórios, tal como trombose (SUGAYA, 1992). Outras propriedades medicinais da cúrcuma reconhecidas pela farmacopéia asiática são: estomáquico, estimulante, carminativa, expectorante, antihelmíntico, antiinflamatório e dermatológico. OLIVEIRA & AKISUE (1993) reportam uso terapêutico da cúrcuma como tônico, aromático e estimulante de funções digestivas.

Descrição
A qualidade dos rizomas é caracterizada e avaliada pela presença do corante curcumina e óleos essenciais. Estes últimos apresentam se em concentrações variáveis de 2,5 a 5,0% (GOVINDARAJAN, 1980), constituídos, segundo trabalhos relacionados por MARTINS & RUSIG (1992), de um composto principal, a turmerona (cerca de 59%), d-hidroturmerona e de um percentual menor de cetonas aromáticas: zingibereno (25%), d- a-felondrena (1%), dsabineno (0,6%), cineol (1%) e borneol (0,5%). ZWAVING & BOS (1992) relatam a presença de outros compostos: ß-cariofileno (0,2%), ß-farneseno (0,2%), ar-curcumeno (1,4%), ß-curcumeno (2,5%), ß-sesquifelandreno (2,4%), ß- bisabolol (0,3%), ar-turmerol (0,9%), curcufenol (0,6%), a-atlantona e traços (<0,5%) de a- felandrena, p-cimeno, limoneno, 1,8-cineol, canfor, ß-elemeno
e germacrona. Quanto à curcumina, está presente nos rizomas em concentração que varia de 2,8 a 8% (GOVINDARAJAN, 1980). 

Indicações
O interesse pela cúrcuma tem aumentado significativamente nos últimos anos. Isto se deve ao fato de ser um produto natural e possuir características de cor semelhantes às da tartrazina, corante amarelo sintético muito utilizado na indústria alimentícia e farmacêutica, que tem provocado reações adversas ao homem (SAFFORD & GOODWIN, 1985; GOLDWYN, 1997; SOMASUNDARAM et al., 2002). Além disto, a cúrcuma é bastante conhecida e explorada pela medicina asiática tradicional, sendo amplamente utilizada como digestivo, carminativo, anti-espasmódico, antioxidante, anti-diarréico, diurético, excitante, nas doenças do fígado, como tônico no tratamento de úlceras, no tratamento de tosses e resfriados comuns e, externamente, como pomada na cicatrização de feridas (GOVINDARAJAN, 1980; AMMON & WAHL, 1991; RAMIREZ-BOSCÁ et al., 1995; DUKE, 1997; SHOBA et al., 1998, GUL et al., 2004). Em outras publicações, a cúrcuma, em suas várias apresentações, aparece associada à atividade antiparasítica(ARAÚJO, 1998, 1999), anti-HIV (MAZUMBER, 1995) e antitumoral (HUANG,1998).

Vários estudos têm confirmado as atividades antioxidantes, antinflamatórias, antimicrobianas e anticancerígenas da cúrcuma (ASAI et al., 1999; GUL et al., 2004). A maioria dos trabalhos descritos na literatura atribui efeitos nutracêuticos aos pigmentos curcuminóides. O poder nutracêutico da cúrcuma pode ser atribuído principalmente aos componentes fenólicos, que exercem efeito antioxidante. Os pigmentos curcuminóides possuem duas hidroxilas fenólicas, sendo um composto ß- dicarbonílico, e um grupo dicetona, tendo sido considerados como as principais classes de metabólitos responsáveis pelas propriedades nutracêuticas do rizoma da cúrcuma, seguidos dos óleos voláteis: zingibereno, felandreno, cineol, sabineno e
borneol (LACHANCE et al., 1997).

Mecanismos de Ação
Os curcuminóides apresentaram durante sua descoberta, várias atividades antioxidantes, promovendo a eliminação de alguns tipos de oxigênio reativo e peróxido de hidrogênio, inibição da peroxidação de hidrogênio e inibição da oxidação de baixa densidade da lipoproteína (LDL). O derivativo reduzido de curcumina, tetrahidrocurcumina, foi relatado por apresentar uma atividade antioxidante ainda mais forte. A tetrahidrocurcumina pode ser obtida através da ingestão de curcumina. A possível atividade anticancerígena da curcumina e outros curcuminóides podem ser atribuídos a alguns mecanismos. Estes incluem a inibição da angiogênese, regulação do apoptose, interferência com certos sinais de transmissão dos caminhos que é crítico para o crescimento e proliferação da célula, inibição da mucosa colônica cyclooxygenase (COX) e das atividades da lipoxygenase (LOX) e inibição da transfearase de proteínas. Com relação a sua possível atividade de prevenir a transformação maligna e inibição do crescimento tumoral, curcumina pode ter um potencial antimetastático também. Com isso, a curcumina mostrou também inibir a matrix metalloproteinase-9 em um carcinoma hepatocelular. A possível atividade anticarcinogênica dos curcuminóides pode ser atribuído ao menos em parte, à sua habilidade para inibir a ativação de fatores de transcrição NF-KappaB e AP-1. Curcuminóides mostraram também, atingir o crescimento fibroblástico factor-2 (FGF-2) sinais de caminhos angiogênicos e inibir a expressão da gelatinase B no processo angiogênico.

Dosagem
Via oral, cápsulas de 200 a 300mg/dia.

Contra indicações
-Grávidas,
- O uso excessivo de curcumina pode produzir irritações no estômago e em casos extremos pode causar úlceras. (Nota: a dose terapêutica normal de turmeric pode proteger das úlceras, mas em doses muito altas, pode induzi-las. Por isso, é muito importante que a dosagem normal terapêutica seja respeitada). Deve ser evitado por pessoas que apresentam diagnósticos de pedras nos rins ou obstrução da passagem da bile.

Interações medicamentosas
- Varfarina, aspirina, indometacina, ibuprofeno e reserpina.


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